Israel adverte Hezbollah com possibilidade de ‘conflito total’ no Líbano

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, ameaçou o movimento Hezbollah com uma “guerra total” que levaria o grupo à destruição, em uma declaração feita nesta terça-feira (18).

Ao mesmo tempo em que Israel ataca Gaza com o objetivo de desmantelar o Hamas, as tensões têm aumentado na fronteira com o Líbano, onde está sediado o Hezbollah, com trocas de tiros entre o grupo e forças israelenses nas últimas semanas.

Katz fez essas declarações depois que o Hezbollah divulgou imagens, alegadamente capturadas por um drone, de Haifa, uma cidade portuária ao norte de Israel.

“Estamos muito próximos do momento em que decidiremos mudar as regras do jogo contra o Hezbollah e o Líbano. Em uma guerra total, o Hezbollah será destruído e o Líbano sofrerá duras consequências”, disse Katz, conforme comunicado de seu gabinete divulgado na rede X.

O Hezbollah é um movimento islâmico xiita com raízes no Líbano e forte apoio do Irã.

A fronteira entre Israel e Líbano tem sido cenário de confrontos quase diários entre o Exército israelense e o Hezbollah, aliado do Hamas, desde o início da guerra em Gaza, em 7 de outubro.

O Hezbollah alega ter realizado mais de 2.100 operações militares contra Israel desde 8 de outubro.

Segundo o ministro israelense, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, “se orgulha hoje [terça-feira] de ter filmado os portos de Haifa, operados por grandes empresas internacionais chinesas e indianas, e de ameaçar danificá-los”.

No vídeo, que até o momento não foi verificado de forma independente pela AFP, o Hezbollah identifica locais como infraestruturas militares e energéticas, bem como instalações civis.

Mediação dos EUA

O Hezbollah divulgou as imagens coincidindo com a visita de Amos Hochstein, enviado especial do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a Beirute, com o objetivo de reduzir a tensão na fronteira.

“O conflito entre Israel e o Hezbollah já dura muito tempo”, disse Hochstein em Beirute.

“Todos têm interesse em resolver isso de maneira rápida e diplomática, o que é factível e urgente”, acrescentou, considerando a situação “grave” e enfatizando que Washington deseja evitar “uma guerra em grande escala”.

O movimento intensificou seus ataques contra alvos militares no norte de Israel na semana passada, após a morte de um de seus comandantes em um bombardeio israelense.

Contenção da agressão israelense

Hochstein se encontrou com Nabih Berry, presidente do Parlamento libanês e aliado-chave do Hezbollah, um dia após se reunir com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em Jerusalém.

De acordo com o enviado americano, o encontro com Berry girou em torno da “situação política e de segurança do Líbano e do acordo que está em discussão sobre Gaza”, referindo-se ao plano apresentado por Biden em maio.

A primeira fase do plano envolve um cessar-fogo de seis semanas, acompanhado pela retirada israelense das áreas densamente povoadas de Gaza, bem como a libertação de alguns reféns detidos em Gaza e de palestinos detidos em Israel.

O enviado americano também se encontrou com o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, que afirmou que “o que falta é deter a atual agressão israelense contra o Líbano e restaurar a calma e a estabilidade na fronteira sul”.

A guerra entre Israel e o Hamas começou em 7 de outubro, após ataques terroristas que mataram 1.194 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um balanço baseado em dados oficiais israelenses.

O Exército israelense estima que 116 pessoas sequestradas permaneçam em Gaza, com 41 reféns mortos.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que já resultou em pelo menos 37.372 mortes na Faixa de Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas desde 2007.

No Líbano, pelo menos 473 pessoas morreram após mais de oito meses de ataques transfronteiriços, a maioria combatentes, mas também 92 civis, de acordo com estimativas da AFP.

Do lado israelense, pelo menos 15 soldados e 11 civis morreram, segundo as autoridades.

By Revista Jus